A realidade dos adolescentes e jovens ganha cada vez mais os interesses de diversos setores da sociedade. Contudo, mesmo com diversificado interesse e um considerado volume de estudo e pesquisas sobre este segmento, ainda há um significativo desconhecimento sobre a realidade juvenil no que tange seus interesses e integralidade.
Discorrerei aqui nesta perspectiva de ir além das questões postas, tendo como objetivo fazer uma abordagem que coloque em foco um dos diversos aspectos que constituem o mosaico das múltiplas realidades dos adolescentes e jovens.
Um desafio posto para tal reflexão é colocar os adolescentes e jovens como sujeitos de sua história, com voz e vez, que devem ser pressupostos primeiros a serem levados em consideração.
Apesar de reconhecer a necessidade de dar voz e vez a esse público, este texto ainda não consegue realizar tal feito, contudo, põe em evidência um tema/realidade que há muito tem passado despercebido dos focos das discussões teóricas sobre os adolescentes e jovens, bem como das práticas do resgate humano. Essa atenção ainda é ínfima e precisa ser ampliada, tanto na prática reflexiva como no “contato” direto com esse público, ou seja, é estar com, é estar próximo ao ponto de poder tocar, sentir, é estar ali com o tato, é deixar-se envolver diretamente.
Saúde e integração social de adolescentes e jovens é um tema polêmico e por vezes controverso, mas, que precisa ser colocado em evidência, já que é possível vermos uma movimentação a esse respeito, tanto por parte da sociedade civil organizada como pelo estado. Deste último podemos citar além dos diversos programas governamentais, o lançamento do “Marco Teórico Referencial: Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva de Adolescentes e Jovens ocorridos em 2006. E, não posso deixar de citar o” Estatuto da criança e adolescente, grande conquista na defesa dos direitos deste segmento. Pois, a promoção dos direitos e bem estar de crianças, adolescentes e jovens, o incentivo a educação, os seus envolvimentos no planejamento e implementação, bem como na avaliação de tudo aquilo que a eles se destinam são fundamentais à sua saúde e integração social.
Porém, deve-se ir adiante, isso não basta. É preciso desnudar nossos olhares, para revermos diretamente a realidade tal qual ela é, mas “para conhecer exige-se tempo, sensibilidade, alegria e envolvimento” (GADOTTI, 2005). Estas dimensões do conhecer apresentadas por Gadotti me fazem destacar um elemento de suma importância e relevância nas relações, sobretudo, as de cuidado. Antes de destacar tal elemento, vejo prudência expor o que Boff apresenta a cerca do cuidado, ele diz: “Somos cuidantes quando destinguimos o que é urgente e o que não é [...] ser cuidante é ser ético, pessoa que coloca o bem comum acima do bem particular, que se responsabiliza pela qualidade de vida social e ecológica...”
Só através desta relação de cuidado que poderemos instaurar uma nova sociedade. O cuidado contagia: eu cuido do/a outro/a para que ele/a também possa cuidar de mim e, como um contágio isso se torna um eterno ciclo de cuidado, poderia até chamar de pandemia do cuidado.
O cuidado deve ser uma das primeiras dimensões das relações humanas e destas com a natureza. Se esta dimensão não estiver intrínseca em nossas relações, nossa vida será inútil, e demasiadamente cruel. Talvez seja por isso que presenciamos e estamos inseridos nesta sociedade tão desumana e carregada de descuidado.
São inúmeras as realidades de exclusão e de excluídos. Dentre tantas e tantos ressaltamos a realidade da “rua” e dos adolescentes e jovens. Segundo Graciani: “a categoria social “meninos(nas) de rua” é o caso extremo e limite da deteriorização imposta pelo subdesenvolvimento à condição juvenil. Constitui o cenário de um processo amplo de exclusão humana, que se observa em diversos graus nessa gente estatisticamente jovem, graças ao projeto neoliberal, econômico-politico-social, que delineia a sociedade do terceiro mundo”. Reiterando dirá: “a criança, o adolescente e o jovem de e na rua em sua exclusão, antes de refletir uma atitude pessoal são membros da pobreza. Defini-los e compreendê-los mal é empobrecê-los ainda mais”. (GRACIAN, 2005, p.120) Precisamos conhecer a realidade na qual estão inseridos os meninos e as meninas em situação de rua. E, este conhecer, a partir da concepção de Gadotti. É preciso achegar-se com o sorriso no rosto, e através do envolvimento ser sensível a escuta dos anseios e necessidade destes/as cidadãos/ãs em situação de rua, esta escuta requer tempo. O tempo para que aconteça a conquista e a confiança de quem é escutado em quem escuta. E, para que isso aconteça é necessário exercitar regularmente com estes/as adolescentes e jovens o “contato”, eis o elemento de suma importância nas relações anunciado anteriormente.
O que faz o contato se tornar tão importante nas relações? O que estou entendendo como contato?
Não dá para conceber uma relação de cuidado sem o contato. Contato é o ato de maior aproximação em uma relação. Refiro-me a uma relação que pressupõe o tato, o toque. O toque que desarma!
O toque fala e é através desta fala, de maior aproximação, que acontecerá a abertura, a cumplicidade e a confiança. Toda relação de cuidado traz consigo esta dimensão da corporeidade. Tocar no outro/a é reconhecer o outro como existente, como ser. A relação cuidante que não proporciona uma relação corporal é vazia. É nesta perspectiva do “contato” que conseguiremos nos aproximar verdadeiramente de todo grupo socialmente excluído.
Assim, posso afirmar que na relação cuidante e de cuidado é imprescindível o contato, entendido aqui como aproximação através da relação corporal: o toque, pegar na mão, sorrir, olhar com proximidade e, sobretudo, o abraço. São estas questões que me fazem destacar o contato como um elemento de suma importância e relevância nas relações. Desta forma, o abraço se configura aqui, como a aproximação máxima nas relações de contato cuidante.Por fim, na relação de contato cuidante, o abraço se torna o grande ato do resgate humano.
Discorrerei aqui nesta perspectiva de ir além das questões postas, tendo como objetivo fazer uma abordagem que coloque em foco um dos diversos aspectos que constituem o mosaico das múltiplas realidades dos adolescentes e jovens.
Um desafio posto para tal reflexão é colocar os adolescentes e jovens como sujeitos de sua história, com voz e vez, que devem ser pressupostos primeiros a serem levados em consideração.
Apesar de reconhecer a necessidade de dar voz e vez a esse público, este texto ainda não consegue realizar tal feito, contudo, põe em evidência um tema/realidade que há muito tem passado despercebido dos focos das discussões teóricas sobre os adolescentes e jovens, bem como das práticas do resgate humano. Essa atenção ainda é ínfima e precisa ser ampliada, tanto na prática reflexiva como no “contato” direto com esse público, ou seja, é estar com, é estar próximo ao ponto de poder tocar, sentir, é estar ali com o tato, é deixar-se envolver diretamente.
Saúde e integração social de adolescentes e jovens é um tema polêmico e por vezes controverso, mas, que precisa ser colocado em evidência, já que é possível vermos uma movimentação a esse respeito, tanto por parte da sociedade civil organizada como pelo estado. Deste último podemos citar além dos diversos programas governamentais, o lançamento do “Marco Teórico Referencial: Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva de Adolescentes e Jovens ocorridos em 2006. E, não posso deixar de citar o” Estatuto da criança e adolescente, grande conquista na defesa dos direitos deste segmento. Pois, a promoção dos direitos e bem estar de crianças, adolescentes e jovens, o incentivo a educação, os seus envolvimentos no planejamento e implementação, bem como na avaliação de tudo aquilo que a eles se destinam são fundamentais à sua saúde e integração social.
Porém, deve-se ir adiante, isso não basta. É preciso desnudar nossos olhares, para revermos diretamente a realidade tal qual ela é, mas “para conhecer exige-se tempo, sensibilidade, alegria e envolvimento” (GADOTTI, 2005). Estas dimensões do conhecer apresentadas por Gadotti me fazem destacar um elemento de suma importância e relevância nas relações, sobretudo, as de cuidado. Antes de destacar tal elemento, vejo prudência expor o que Boff apresenta a cerca do cuidado, ele diz: “Somos cuidantes quando destinguimos o que é urgente e o que não é [...] ser cuidante é ser ético, pessoa que coloca o bem comum acima do bem particular, que se responsabiliza pela qualidade de vida social e ecológica...”
Só através desta relação de cuidado que poderemos instaurar uma nova sociedade. O cuidado contagia: eu cuido do/a outro/a para que ele/a também possa cuidar de mim e, como um contágio isso se torna um eterno ciclo de cuidado, poderia até chamar de pandemia do cuidado.
O cuidado deve ser uma das primeiras dimensões das relações humanas e destas com a natureza. Se esta dimensão não estiver intrínseca em nossas relações, nossa vida será inútil, e demasiadamente cruel. Talvez seja por isso que presenciamos e estamos inseridos nesta sociedade tão desumana e carregada de descuidado.
São inúmeras as realidades de exclusão e de excluídos. Dentre tantas e tantos ressaltamos a realidade da “rua” e dos adolescentes e jovens. Segundo Graciani: “a categoria social “meninos(nas) de rua” é o caso extremo e limite da deteriorização imposta pelo subdesenvolvimento à condição juvenil. Constitui o cenário de um processo amplo de exclusão humana, que se observa em diversos graus nessa gente estatisticamente jovem, graças ao projeto neoliberal, econômico-politico-social, que delineia a sociedade do terceiro mundo”. Reiterando dirá: “a criança, o adolescente e o jovem de e na rua em sua exclusão, antes de refletir uma atitude pessoal são membros da pobreza. Defini-los e compreendê-los mal é empobrecê-los ainda mais”. (GRACIAN, 2005, p.120) Precisamos conhecer a realidade na qual estão inseridos os meninos e as meninas em situação de rua. E, este conhecer, a partir da concepção de Gadotti. É preciso achegar-se com o sorriso no rosto, e através do envolvimento ser sensível a escuta dos anseios e necessidade destes/as cidadãos/ãs em situação de rua, esta escuta requer tempo. O tempo para que aconteça a conquista e a confiança de quem é escutado em quem escuta. E, para que isso aconteça é necessário exercitar regularmente com estes/as adolescentes e jovens o “contato”, eis o elemento de suma importância nas relações anunciado anteriormente.
O que faz o contato se tornar tão importante nas relações? O que estou entendendo como contato?
Não dá para conceber uma relação de cuidado sem o contato. Contato é o ato de maior aproximação em uma relação. Refiro-me a uma relação que pressupõe o tato, o toque. O toque que desarma!
O toque fala e é através desta fala, de maior aproximação, que acontecerá a abertura, a cumplicidade e a confiança. Toda relação de cuidado traz consigo esta dimensão da corporeidade. Tocar no outro/a é reconhecer o outro como existente, como ser. A relação cuidante que não proporciona uma relação corporal é vazia. É nesta perspectiva do “contato” que conseguiremos nos aproximar verdadeiramente de todo grupo socialmente excluído.
Assim, posso afirmar que na relação cuidante e de cuidado é imprescindível o contato, entendido aqui como aproximação através da relação corporal: o toque, pegar na mão, sorrir, olhar com proximidade e, sobretudo, o abraço. São estas questões que me fazem destacar o contato como um elemento de suma importância e relevância nas relações. Desta forma, o abraço se configura aqui, como a aproximação máxima nas relações de contato cuidante.Por fim, na relação de contato cuidante, o abraço se torna o grande ato do resgate humano.
Um comentário:
Mauro,
Achei seu texto um grande detonador de muitas reflexões acerca do tratamento que a sociedade tem dado 'as juventudes" de hoje, principalmente nas dimensões que você discutiu, do Cuidado e do contato.
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