Aqui você poderá encontrar muito de mim e espero com isso revelar o que ainda não sabe sobre você. Calma, aqui não será um espaço esotérico. Mas, acredito que no contato com o outro/a descobrimos quem verdadeiramente somos. Sinta-se a vontade em viajar comigo nesses escritos e saiba que o conhecimento é um processo, é uma construção, em que todos/as nós fazemos parte das diversas etapas de sua edificação. Participe desta aventura, venha pescar comigo nesse grande mar que é a vida, onde costuraremos histórias e reflexões acerca dos nossos sentimentos, pensamentos e das coisas da vida, as coisas do dia-a-dia que nos rodeiam.

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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Anúncio de uma primavera

O frio está indo embora, à noite, parece que se abriu a porta que vedava o tão temido inferno, suor pelo corpo escorre molhando toda a cama. Rola pela cama inquieto, não se sabe se pesadelo ou são as confluências cotidianas visitando seu sono e dizendo: acorda, volte à vida.

Enquanto dorme seu sono inquieto, ela viaja, mal sabem o que o dia seguinte prepara. Ela não consegue dormir, poltrona desconfortável, motorista que corre demais. Que perigo! As luzes dos postes são como fleches de lembranças daquilo que nunca aconteceu, a luz do dia se aproxima anunciando aquele belo horizonte.

Ele acorda e não acredita, mais uma segunda-feira, olha no relógio, está atrasado, a noite lhe pareceu tão pequena, queria dormir mais um pouco, ainda não entendia a confusão que se instalara em sua cabeça enquanto dormia. Corre para o banheiro e toma o banho mais rápido de sua vida, não podia chegar atrasado ao trabalho, não naquele dia.

Nunca uma ida para o trabalho lhe rendera tanto tempo, teria lido todos os tomos de O Capital naquele tempo, o dia tinha uma áurea diferente, seria o inverno se despedindo? Talvez fosse. Ou talvez fosse a primavera anunciando sua chegada. Está na hora de descer, desperta de seus devaneios e puxa a corda que dá o sinal de parada solicitada.

Antes que o ônibus parasse completamente ele salta e segue correndo em direção ao trabalho, em frações de segundos chega ao trabalho, ainda ofegante, lhe recepcionam com a pergunta: o que aconteceu? Está tudo bem? E ele emite uma curta e simples resposta: cheguei! Nada mais se pronunciou. Aquilo fora suficiente.

Entrou em sua sala, ligou o computador e esperou, só podia esperar. As horas passavam a passos lentos, um dever lhe martelava a cabeça, fazer o seu trabalho, nada mais. Se aqueles pensamentos noturnos o deixassem em paz, talvez conseguisse se concentrar em seu dever diário que garantia sua sub-vida.
Como fuga de seus pensamentos insólitos resolve escrever, escrever sobre a primeira coisa que lhe viesse à cabeça no lapso descuido dos pensamentos que lhe inquietavam a mente. Mal sabia ele que do outro lado da cidade alguém pensava nele. Escreveu algo como quem pede socorro. Ele sentia a necessidade de algo que não sabia explicar. Ela do outro lado o sentia, sentia a necessidade que ele sentia dela sem saber. Teria alguma ligação? Ou seria apenas o anúncio de mais uma primavera chegando? Nada é certo, apenas o incerto. Continuou a escrever. Isso o permitia viver. Viver sem aqueles pensamentos noturnos daquele fim de inverno.

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