Aqui você poderá encontrar muito de mim e espero com isso revelar o que ainda não sabe sobre você. Calma, aqui não será um espaço esotérico. Mas, acredito que no contato com o outro/a descobrimos quem verdadeiramente somos. Sinta-se a vontade em viajar comigo nesses escritos e saiba que o conhecimento é um processo, é uma construção, em que todos/as nós fazemos parte das diversas etapas de sua edificação. Participe desta aventura, venha pescar comigo nesse grande mar que é a vida, onde costuraremos histórias e reflexões acerca dos nossos sentimentos, pensamentos e das coisas da vida, as coisas do dia-a-dia que nos rodeiam.

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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Costura Musicada - Pra não dizer que não falei das flores (Geraldo Vandré)


A costura musicada de hoje é Pra não dizer que não falei das flores (Caminhada) do Grande Artista da Caminhada Geraldo Vandré, cantor, compositor e violonista e co-autor da costura musicada da semana passada, inteiramente relacionada com a costura de hoje. Geraldo Pedroso de Araújo Dias, conhecido como Geraldo Vandré, nome artístico, usava este nome que era a abreviatura do sobrenome de seu pai, José Vandregísilo. Vandré, nasceu aos 12 dias de setembro de 1935 na cidade de João Pessoa/PE. 

Foi e é uma das figuras mais célebres da música popular brasileira e costureiro de canções que se tornaram hinos de resistência contra ditadura militar, em especial nossa costura musicada de hoje. Por suas composições foi obrigado a exilar-se em 1968, mesmo ano em que costurou Pra dizer que não falei das flores. Pois sua costura musicada foi interpretada pela censura como uma chamada a luta armada contra os ditadores, em especial o retalho que versa assim: "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer", um dos meus favoritos.

Antes de partir para o exílio, refugiou-se na fazenda de  Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, esposa de Guimarães Rosa, que falecera no ano anterior. Partiu para o Chile e, de lá, para a Alemanha e França. Reside até os dias de hoje, em São Paulo, onde ainda compõe e está elaborando seus novos projetos: “gravar um disco no exterior, num país de língua espanhola. Quero gravar num país de música espanhola, com músicos de lá. Minha prioridade comercial é esta”

Refugiado dos holofotes midiáticos, há quem fale de sua insanidade, pois percebe-se em seu semblante um ar enigmático de que nem tudo que pensa consegue sair em palavras de sua boca ou  possa dizer, talvez traga esse ar pelas torturas sofridas na ditadura militar e possível retaliação após voltar do exílio em 1973. Mas, ele mesmo diz que não foi torturado ou mesmo obrigado a fazer declaração contra a sua vontade (“Queriam que eu fizesse uma declaração. Não me lembro o que foi que disse. Mas eu disse coisas que poderia dizer. O que eu disse era verdade. Não disse nada que não tenha querido dizer”), mas como saber de fato. Pois na mesma entrevista da qual retiramos os trechos que citamos, ele diz: “Estou exilado até hoje. Ainda não voltei. Eu estou exilado e afastado das atividades que eu tinha até 1968 no Brasil. Eu me afastei. Não retornei”. 

E me pergunto: o que de fato está por trás destas declarações? Em fim, são estes os dados que temos e talvez nunca saibamos os reais motivos que retiraram Geraldo Vandré de nós.

Sobre a Costura Musicada: Pra não dizer que não falei das flores – essa costura de hoje, é uma daquelas que me inquietam a alma, por sua melodia, seus versos e o quão ela transcende o status de canção, parece mais uma oração, um mantra motivador. Talvez um tratado da inconformidade. Não lembro quando a escutei pela primeira vez, mas sei que ela sempre mexeu comigo e o trecho que a censura interpretou como um chamada para a luta armada, sempre me impulsionou a não desistir da luta, "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer". Um dos mantras que mais cantei em minha militância.  Creio que sua profundidade e importância em minha militância se deem, por trazer à luta, elementos que tanto valorizo como a canção, que representa a presença e importância da poesia nas lutas revolucionárias, muito esquecida nas atuais manifestações que marcham na defesa e efetivação de direitos para todos.

Destaco a atualidade desta costura, pois narra uma realidade presente me nossas lutas, que braços dados ou não, somos iguais, e que essa igualdade deve prevalecer. Pois, quando somos nós os que sofrem, ao invés de procurarmos aquilo que nos divide e enfraquecer o cordão, devemos procurar o que nos unifica para fortalecer a luta. E assim, não caminharmos mais indeciso como dita a canção, mas certos de querermos mudar a nação.

Essa canção de 1968, ao tempo que é uma análise da sociedade daquela época é um prenúncio do que ainda vivemos hoje. E que podemos constatar nas manifestações que, estes dias, tomaram as ruas do país. O povo nas ruas, acuados, violentados pelas as armas da repressão e mesmo assim, ainda trazem as flores nas mãos, pois acreditam na sua força de transformação.  Nos quartéis a lição ainda é mesma: viver sem ração. E povo mostra que aprenderam a nova lição: que “Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer”. Lição que em minha juventude sempre me impulsionou a ir para as ruas e fazer a transformação social, ainda enquanto jovem. Pois, logo estaria em outra condição, que não a juvenil, como estou. Mas, ressalto que não esqueci e ainda sigo esta lição, por isso ainda estou a fortalecer o não mais indeciso cordão, composto pelas mais diferentes lutas que se unem numa mesma reivindicação – um país melhor para tod@s.

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