Aqui você poderá encontrar muito de mim e espero com isso revelar o que ainda não sabe sobre você. Calma, aqui não será um espaço esotérico. Mas, acredito que no contato com o outro/a descobrimos quem verdadeiramente somos. Sinta-se a vontade em viajar comigo nesses escritos e saiba que o conhecimento é um processo, é uma construção, em que todos/as nós fazemos parte das diversas etapas de sua edificação. Participe desta aventura, venha pescar comigo nesse grande mar que é a vida, onde costuraremos histórias e reflexões acerca dos nossos sentimentos, pensamentos e das coisas da vida, as coisas do dia-a-dia que nos rodeiam.

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domingo, 12 de setembro de 2010

Uma visita inesperada


A noite estava fria e o vento fazia o corpo estremecer. O jovem escritor sentado ali, sem um agasalho, no meio fio daquela rua morta, de vida, apenas algumas árvores que resistentemente sobreviveram o avanço do progresso que tiraria o país da miséria, e o vento as fazia movimentar. Um cachorro, em busca de companhia deita-se ao seu lado esperando um afago e ele é quem se sente afagado por aquela nobre companhia naquela noite fria e sem vida.

Cabisbaixo, fitando o novo amigo perdeu-se em seus pensamentos, nas lembranças dos momentos que sempre desejou que acontecesse. Imaginou-se brincando com seu novo amigo, e as risadas contagiantes, fruto dos momentos felizes que um proporcionara ao outro. Sem perceber se pegou ensaiando um sorriso ao imaginar os momentos com o seu novo amigo. Enquanto viajava em sua imaginação ouviu uma voz suave, levantou sua cabeça e viu uma bela jovem em sua frente. Estranhou. “De onde teria surgido tão bela jovem?” Indagou-se em seu pensamento.

Estaria ainda imaginado? Seria aquele ser fruto de sua imaginação? Ainda submerso em seus pensamentos, das lembranças do que não aconteceu e dos risos permitidos na companhia de seu novo amigo resolveu entregar-se ao que via em sua frente. Como que compreendendo o desejo do jovem escritor de sair daquele estado melancólico a bela jovem lhe diz:

- Vamos passear?

- Onde? Ele questiona.

- Onde você quiser, um lugar bonito, sem barulho, calmo e tranqüilo. Ela responde e acrescenta:

- Bom! Hoje, qualquer lugar estaria bom, qualquer lugar será melhor que este túmulo que você está.

- Que tal uma praça? Ele sugere.

- Pode ser, acompanhado da lua e das estrelas. Diz a bela jovem com um ar de riso de quem esconde algo a mais e complementa:

- Quem sabe você possa me explicar as coisas da vida.

Ela estendeu a mão e o ajudou a levantar-se. Ele passou a mão sobre seu amigo e o fez levantar também. E juntos caminharam rumo à praça que seria palco das explicações das coisas da vida que a jovem ansiava por escutar, calar e aprender. Enquanto caminhavam, ele explicava o que pensava da vida, seus significados, valores e sentidos. Explicava cada coisa como quem contasse uma história. A bela jovem parecia saborear cada frase dita como quem necessitasse alimentar-se do que o jovem escritor dizia para livrar-se de algo que nem ela sabia ao certo o que seria. Ele contando e ela escutando cada palavra, mergulhados naquele mar de histórias nem perceberam que eles já estavam caminhando pela Praça das Bandeiras. Então ela diz:

- Esperar o desfecho de suas explicações me deixa ansiosa, você têm uma paciência...

- Vou te dar mais uma ansiedade. Ele diz.

- Ahhhh, não acredito! O que é? Tem mais alguma coisa? Ela exclama perguntando. O jovem escritor então disse:

- Desde que você veio até mim, você trouxe uma pergunta que ainda não me fez e que se intensificou à medida que ouvia as minhas histórias, mas eu a vou responder com mais histórias.

A bela jovem olhou-o assustada com os olhos quase saltando da face. E esperou o que ele teria a lhe contar. Ele teria mesmo sentido o que ela trazia em seu coração? Só lhe restava esperar e ficou mais atenta do que em todo o caminho até a praça.

O jovem escritor começou a lhe contar a história das rosas negras, da importância delas no mundo e na vida das pessoas, falou-lhe que as rosas negras são raras e devem ser cuidadas e que quando encontradas elas tornam nossa vida mais bela e mais preciosa, pois elas são raras e tornam nossa vida com elas rara também.

Ela com um ar de surpresa e uma mistura de sorriso e emoção disse: - Espero que seu jardim esteja repleto dessas raridades, as rosas negras são muito significativas na sua vida. Ouvi-lo me causou um gelo na barriga. Espero ter tempo para viver esse tipo de relação. Como que a testando ele perguntou:

- Mas, quando é que encontramos essas rosas negras? Ela respondeu:

- Quando estabelecemos uma relação sincera. Quando sem mesmo escutarmos, só olharmos, percebermos o que a pessoa pensa e sente. Quando essa pessoa é um ser único e especial em nossa vida capaz de despertar os melhor de nós e nos levar a fazer coisas que nunca tínhamos feito. Ele ponderou:

- Devemos cuidar para não deixar que essas raridades passem por nós sem termos apreciado sua beleza única. Antes que ele concluísse ela interou:

- Possíveis de passar despercebidas? Mas, quando se encontra é impossível deixar de saber quem é uma raridade em nossa vida. Por isso eu valorizo cada ser em minha vida, mesmo aqueles que passam por pouco tempo. Ele sorriu ao perceber que ela trazia em si a resposta que tanto ansiava e com o intuito de despertar mais o que ela trazia no coração disse:

- O encontro com um ser raro é mágico, acontece no momento em que se canta a pausa da canção do encontro das almas puras. E ela exclamou:

- Claro! Vai além dos sentidos. É coisa que só vemos com o coração. É uma experiência única, inexplicável através de palavras. Ele diz mais:

- Por isso é tão difícil narrar. É preciso ler o coração, é preciso tirar dele a compreensão. E ela diz:

- Nada melhor do que a experiência par ajudar. Ele sorriu. E ela continuou:

- Você traduz bem os sentimentos e fala deles com muito jeito. Mais um sorriso ele emitiu, como quem não soubesse o que dizer, e antes que ele arriscasse pronunciar qualquer palavra e tentando justificar a solidão em que encontrou o jovem escritor ela continuou:

_ Talvez seja por isso que seu coração não é de uma pessoa só. Seria egoísmo se assim fosse. Nada melhor que a convivência par nos ensinar, mesmo que seja assim, num encontro inesperado, numa noite fria e solitária, na Praça das Bandeiras.

Suas histórias, quem as escuta fica pensando do que de fato se trata, o que quer dizer...

O jovem escritor mais uma vez sorriu e perguntou:

- Você poderia me explicar melhor o que acabou de dizer?

- Quando te ouvimos, ficamos inquietas para saber mais sobre tudo o que diz, acompanhar seu raciocínio. E ele disse:

- É? Mas, de fato, sempre quer dizer mais e sempre se têm mais a dizer. Elas traduzem apenas um fragmento de coisas muito mais complexas. E a bela jovem acrescenta:

- É bem isso, seu sinônimo é complexidade, não sabe ser simples nas palavras mesmo sendo tão simples no seu agir. E, agradeço o privilégio da partilha de diálogo nesta madrugada fria, de insônia e solidão, na sua companhia e de seu companheiro cão. Ele abaixou-se para afagar o cachorro, que os acompanhou durante todo aquele diálogo, e sentiu-se feliz pelo acontecido e quando levantou o olhar para agradecer, também, à bela jovem pela companhia, só viu o rastro do luar, o sol despontando no horizonte e o canto de um galo anunciando um novo dia. Então pensou: teria sido a lua a sua companhia naquela madrugada fria? Sem compreender muito bem o que tinha acontecido, mais uma vez, apenas sorriu.

Um comentário:

Unknown disse...

Querido Mauro é impressionate de um simples fato ,transforma e algo magico ,belo,estontiante.Me perdi nesse dialogo, talvez me antecipando para o final. Mas é sempre uma surpresa, espero qu eencontro comoesse aconteça muito para termos muitas costuras.Beijos,Beijos

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