Foi minha mãe que me apresentou os palcos dos teatros, lembro ainda daquela apresentação, quando tinha sete anos. Ah! Creio que o título era: “O mais pobre”. Aquele texto era enorme... achei que nunca iria conseguir decorar aquilo tudo, eram tantas páginas, pelo menos na época eu achava que eram. Mas, no dia da apresentação foi fantástico, me senti um Chaplin ao dominar os discursos daqueles versos que com sua sutileza fez aquela platéia se emocionar.
Enquanto minha mãe me apresentava às possibilidades de ampliar os caminhos a serem percorridos por mim, como o mundo das artes, meu pai me ensinava a arte de criar, de transformar um casco bruto de uma árvore em uma bela embarcação que, dentre tantas coisas, possibilita, em um passeio ao entardecer, contemplarmos o encanto das águas do rio, dos pássaros, do silêncio harmônico daquela natureza que grita suave em nossos ouvidos: desvenda-me! Creio que ele tenha vivido muitas vezes essa sensação, talvez seja por isso que tenha tanta habilidade de narrar àqueles contos e lendas que me prendiam a atenção e me faziam viajar em cada detalhe contado. Eu os sentia! Eu os vivia!
Eu encarei aquela peça. Eu encarei aquele público com a coragem que minha mãe me ensinou a ter para encarar o mundo, eu encarei aquele texto como meu pai encarava cada conto que nos narrava.
Junção perfeita. Sem saber os dois me formavam. Como profetas, – eles não têm dimensão disso, mas eles foram e são meus profetas –, me anunciavam em sua simplicidade e cuidado o homem que eu me tornaria.
Creio que ainda hoje seja esse menino, filho de minha mãe e do meu pai...
Nota:
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Após tanto tempo, hoje resolvi reativar meu blog, e quis postar uma nova apresentação no item: quem sou eu. Tentei escrever algo que possibilitasse ao leitor/a uma maior aproximação desta pessoa que vos escreve, que pudesse ter uma maior apropriação dos escritos aqui dispostos. Então, ao fazer isto fui conduzido por minha memória a umas lembranças que se materializaram neste texto que você acabou de ler.
Um filho...
2 comentários:
Fico feliz em poder saber de onde você surgiu, e percebo que é de um ambiente abençoado e profético. Espero que essa reestréia possa trazer muitas historias para que eu posso conhecer. E sei muito bem que suas "histórias são escritas como uma leve tatuagem na pele de quem as viveu".
Grande Mauro! Fico feliz que tenha tão boas raízes e que, de fato, as valorize. Com esse preparo e essa mente aberta, qual será sua missão nesta vida? Talvez já esteja em missão, não é? A caminhada em si, com seus tropeços e reerguidas, com as pessoas que surgem e nos acrescentam, já é uma grande missão.
Grande abraço! E vamos caminhando!
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