No dia 02 de outubro de 2002, costurei algumas palavras que
resolvi postar, hoje, neste ateliê. Pois, celebra-se na data de hoje, 20 de
junho, o dia do amigo, ser que para quem me conhece sabe o quanto me é valioso,
o quanto me é raro e sagrado, são minhas rosas negras, meus cúmplices. E, a costura que
elaborei diz muito deste ser que celebramos neste dia, o amigo. Talvez, pelo valor
que atribuo a este ser, este dia não seja o mais adequado para esta postagem,
mas sendo este dia o mais próximo daquele ser que me é tão raro, o ser
cúmplice, postarei tal costura no dia de hoje, dia do amigo, na espera de
estabelecermos, num tempo próximo, o Dia do/a Cúmplice (O Dia da Cumplicidade),
alguém tem alguma sugestão?
Como a costura original, referia-se ao dia do meu aniversário,
resolvi fazer alguns ajustes, postar alguns remendos, diga-se de passagem, com
bons retalhos. Em fim, feito os devidos ajustes, eis que segue a costura que
iniciava assim:
Raríssimo/a
Cúmplice, (Chega ser
redundante chamar um/a “Cúmplice” de “Raro/a”, mas, não custa nada destacar o
quão raro é este ser na atualidade, em que as relações se tornam cada vez mais
individualistas) Opa! Desculpe-me, a intenção é apenas postar a costura, e cá
estou eu fazendo comentários. Então, voltemos à costura.
Talvez
você não compreenda o motivo de receber uma carta minha, mas não estranhe, é
que fazendo algumas leituras me deparei com uma crônica atribuída a Vinícius de
Moraes, e por hoje, ser o dia do Amigo, resolvi postá-la no meu ateliê, além de
enviá-la para quem me é raro, meus e minhas Cúmplices.
Por
que enviá-la? Após ter lido a crônica de “Vinícius”, fiz uma retrospectiva de
minha vida, lembrando de como tratei meus cúmplices. Será que lhes proporcionei
alegria enquanto convivi com cada um/a deles/as? Fui sincero? Será que deixei
algo que marcasse a minha presença na vida deles/as? Se deixei, espero que
tenha sido algo de bom, pois não consigo admitir, que eu tenha sido em vez de
um amigo(Cúmplice), um fardo na vida deles/as, alguém que eles/as, a todo
momento rezavam para que eu ficasse o máximo de tempo distante, evitando, assim,
o desconforto da minha presença.
Felizmente,
diante destes questionamentos e ao ver os momentos passarem diante dos meus
olhos como se fosse um filme, percebi que me esforcei ao máximo para que cada
pessoa que conviveu comigo me tivesse como Um Verdadeiro Amigo/Cúmplice, e
parece que consegui um bom resultado. Hoje, no dia do Amigo escrevo esta carta
para você, que como diz “Vinícius”: “talvez não saiba que está incluído na
sagrada relação de meus amigos” - Se eu tivesse pensado essa Micro Costura seria assim: “Talvez
não saiba que faça parte do meu sagrado e precioso jardim de rosas raras”.
Geralmente
em datas festivas, especiais como é o caso do dia de aniversário, costumamos
presentear as pessoas, e como já citei anteriormente da retrospectiva e de todos
os questionamentos que fiz sobre como agi com os meus/minhas amigos/as(Cúmplices),
percebi que hoje é um dia em que eu deveria presentear meus e minha Cúmplices e
não ser o presenteado, pois eu não preciso ganhar nenhum presente, não que eu
tenha tudo o que quero e desejo, mas, por ter algo que é indispensável para a
minha vida e tenho certeza de ser o melhor presente que eu poderia ganhar neste
dia, que são meus e minhas Cúmplices( Amigas e Amigos).
Em
fim, este ateliê é um espaço para apresentar minhas costuras, mas deixarei
exposta a Crônica de “Vinícius” e peço que a leia atentamente, e, saiba que
quando a li, há mais de 9 anos, assustei-me, pois parecia que ele estava
retratando tão perfeitamente o sentimento que tenho por meus
Cúmplices(Amigas/os) e sendo assim, saiba que as palavras que “Vinícius” usou
nesta crônica é a expressão escrita do meu sentimento, ou talvez, seja apenas
um fragmento do que sinto por você, que “Talvez
não saiba que faça parte do meu sagrado e precioso jardim de rosas raras”.
Esta
é a maneira que encontrei para Homenagear e Agradecer pelo presente que você me
deu, que é de te ter como Cúmplice.
Paz e Vida Longa!
Pescador - um ser ousa costurar palavras
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Amigos
Tenho amigos que não sabem o
quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento
mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros
afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar,
embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas
enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não
percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas
existências...
A alguns deles não procuro,
basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em
frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes
dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo
esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os
procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me
são necessários. De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque
eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente construí, e se tornaram
alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu
ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que,
sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa
minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do
meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em
pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares
maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e
me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu
lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os
meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber
que são meus amigos!
A gente não faz amigos,
reconhece-os.
“Vinícius de Moraes”
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