Hoje, seguia de volta para casa, após mais um dia de labuta, quando me deparei com um homem, com um semblante questionador, gesticulava fazendo desenhos no ar, eu pude perceber que também falava sozinho, de longe pareceu mais um caso de insanidade mental. E eu, aguçado por uma curiosidade irônica, pois gosto de reproduzir/recontar essas situações, que, para mim, costumam ser hilárias, então me aproximei para tentar compreender melhor o que observava a distância, talvez compreendesse o motivo de gesticulações e falas tão veementes, foi quando ouvi o que ele dizia e o fazia gesticular tanto:
- Pois é, já sou um homem, maduro para muitas coisas, cheio de
experiências, supostamente resolvido amorosamente, estudioso e até de certa
forma conhecedor das coisas do coração. Mas, as coisas não são bem assim. E, se
tem uma coisa que eu acredito é no amor, e o amor, para mim, é belo. Ele nos
impulsiona a ir adiante, a enfrentar os medos, a perdoar quantas vezes sejam
necessárias. Isso, para mim, é amor, e é o mais puro amor. Mas, se ao fazer
isso não nos sentirmos bem, algo está errado, ou não sentimos amor ou ainda não
conseguimos compreender o que seja o amor. E, estamos confundindo outro
sentimento com aquilo que achamos ser amor.
- E só nós temos a capacidade de descobrir o verdadeiro amor, mas só
será possível quando tivermos coragem de enfrentar e desconstruir tudo aquilo
que achávamos ser o amor verdadeiro. E, enquanto preservarmos sentimentos que
não são compatíveis com o amor, este nunca despertará em nosso coração, pois
ele está lá, sempre esteve, mas está recoberto por sentimentos que o impedem de
vir à tona. Contudo, esse amor é mais forte do que qualquer coisa e, muitas
vezes, escapa um pouco dele e nos surpreende. Ao escapar e nos mostrar alguém
especial e nos fazer ficar encantados. Mas, por estar ainda recoberto por
tantos sentimentos incompatíveis com ele (o amor verdadeiro), se não dermos
conta de superar os outros sentimos, o amor que temos não bastará, não será
suficiente, pois sem esse amor puro (verdadeiro), não saberemos entre tantas
coisas: perdoar.
Foi assim que fui surpreendido
por uma reflexão profunda e nada neurastênica, muito sã e mais que isso,
contagiante. Talvez, fosse mais um poeta errante ou mais um romântico, essa
espécie rara de humano, mas de certeza um verdadeiro sabedor do que é amar, do
que seja o verdadeiro amor. E eu que só pensava em ir para casa e descansar, ao
ouvir aquele sábio das ruas (que só queria ter a chance de falar de seu sentimento
e ser ouvido, mesmo que fosse ao vento, e desta forma deixar que suas belas
palavras viajassem pelo ar), fui profundamente contagiado por sua bela e
profunda reflexão e esqueci o cansaço que antes me dominava. Então me pus a
pensar: “será que sei amar? Perdoei verdadeiramente quem eu sempre disse amar? O
que digo sentir é um amor verdadeiro? Tenho dado a devida importância ao amor
ou tenho dado mais importância aos outros sentimentos que camuflam este tão belo
sentimento?” Foi preenchido destes questionamentos que me fizeram esquecer meu
cansaço que voltei para casa.
2 comentários:
Your blog is interesting, thank you very much, i like it!
É amigo, é sim... Sem amor não é possível perdoar.
Postar um comentário